
A queda da atividade do setor de serviços em março, anunciada na terça-feira, 14, reforçou que o primeiro trimestre foi pior do que se esperava. A retração acompanha resultados decepcionantes no mesmo período no comércio e na indústria. Com a economia ainda fraca, especialistas ouvidos pelo Estado dizem que há espaço para que o Banco Central corte a taxa básica de juros (a Selic), na tentativa de estimular a economia.
No início do ano, a maior parte dos economistas previa que o Copom, do Banco Central, só mexeria nos juros no ano que vem. O primeiro trimestre fraco, porém, mudou essa perspectiva. Na terça, o IBGE divulgou que a atividade do setor de serviços recuou 0,7% em março ante fevereiro, terceiro mês seguido de queda.
O dado seguiu resultados negativos na indústria e de estagnação no comércio. O último Boletim Focus, do Banco Central, aponta que o País deve crescer abaixo de 1,5%.
Apesar da alta dos preços de combustíveis e alimentos no começo do ano, o cenário esperado é de inflação sob controle no segundo semestre, com o IPCA ficando em torno de 4% este ano. Isso, na avaliação dos analistas, reabre a possibilidade do uso dos juros, hoje em 6,5% ao ano, para tentar reaquecer a economia.
“O BC tem espaço para reduzir de 0,75 a 1 ponto porcentual a Selic na segunda metade do ano, sem estrago na inflação”, avalia o ex-diretor do Banco Central Alexandre Schwartsman. “Só que o investimento ainda deve ficar travado. A Selic ajuda um pouco, mas o investidor precisa saber se o País ainda vai resistir aos próximos quatro anos – uma segurança que só reformas estruturais podem dar.”
Fonte: O Estado de S. Paulo