Incerteza sobre políticas fiscais traz risco de alta para…

O Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central alertou que incertezas sobre políticas fiscais podem trazer risco de alta para inflação, conforme ata da última reunião divulgada nesta terça-feira (21).

O recado ocorreu em meio às medidas do governo para baratear os preços dos combustíveis via redução de impostos.

“O Comitê reforça que a incerteza sobre o futuro do arcabouço fiscal do país e políticas fiscais que sustentem a demanda agregada podem trazer um risco de alta para o cenário inflacionário e para as expectativas de inflação”, escreveu.​

Na última quarta (15), o Copom elevou a Selic em 0,5 ponto percentual, a 13,25% ao ano. A taxa básica de juros atingiu, assim, o patamar mais alto em quase cinco anos e meio. Em janeiro de 2017, estava em 13,75% ao ano, durante o governo de Michel Temer (MDB).

Já são 11 altas consecutivas desde o início do ciclo de aperto monetário, em março de 2021, quando a taxa de juros partiu de seu piso histórico, em 2% ao ano.

O atual choque de juros já é o mais longo da série histórica e o mais forte desde a adoção do regime de metas para inflação, em 1999. Na época, a Selic saltou 20 pontos percentuais, de 25% para 45% ao ano.

Na ata, o Copom repetiu a sinalização de que antevê “um novo ajuste, de igual ou menor magnitude” na próxima reunião, em agosto – o que significa um aumento de 0,5 ou de 0,25 ponto percentual. Mas deu mais detalhes sobre seu plano de voo, indicando a necessidade de manter a taxa de juros mais alta por mais tempo.

O BC se empenha para trazer a expectativa de inflação de 2023 mais perto da meta de 3,25%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou menos. No cenário de referência do Copom, a projeção do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) para o próximo ano é de 4%. O mercado, por sua vez, estima 4,7% em 2023, de acordo com a pesquisa Focus.

“O Comitê avalia, com base nas projeções utilizadas e seu balanço de riscos, que a estratégia requerida para trazer a inflação projetada em 4,0% para o redor da meta no horizonte relevante conjuga, de um lado, taxa de juros terminal acima da utilizada no cenário de referência e, de outro, manutenção da taxa de juros em território significativamente contracionista por um período mais prolongado que o utilizado no cenário de referência”, disse a autarquia no documento.

Segundo o comitê, a estratégia de convergência para o redor da meta exige “uma taxa de juros mais contracionista do que o utilizado no cenário de referência por todo o horizonte relevante.”

O comitê ponderou na discussão que o ciclo de aperto monetário foi bastante “intenso e tempestivo” e que, dada a defasagem dos efeitos da política monetária, ainda não se observa os efeitos plenos do choque de juros sobre a economia. No entanto, também observou a deterioração no cenário inflacionário tanto de curto prazo quanto em projeções mais longas.

Neste contexto, optou por indicar uma nova alta da Selic em agosto. “Dada a persistência dos choques recentes, o Comitê avaliou que somente a perspectiva de manutenção da taxa básica de juros por um período suficientemente longo não asseguraria, neste momento, a convergência da inflação para o redor da meta no horizonte relevante”, justificou.

“Essa estratégia foi considerada a mais adequada para garantir a convergência da inflação ao longo do horizonte relevante, assim como a ancoragem das expectativas de prazos mais longos, ao mesmo tempo que reflete o aperto monetário já empreendido, reforça a postura de cautela da política monetária e ressalta a incerteza do cenário”, acrescentou.

Fonte: Folha de SP

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