A fuga de brasileiros para o exterior, especialmente para os Estados Unidos, ganhou força no ano passado, com a piora da crise econômica no país e a liberação para a entrada no exterior de pessoas vacinadas contra a covid-19.

Em 2021, 17% dos brasileiros que deixaram o país não retornaram, o maior número do levantamento da Polícia Federal, que teve início em 2010, quando 7% dos que haviam saído não voltaram. Em 2019, essa parcela foi de 5%.

Segundo o Observatório das Migrações Internacionais (Obmigra), do Ministério da Justiça, o continuado balanço negativo da movimentação de brasileiros e de migrantes residentes no país tem se mostrado “estrutural”.

Esse cenário também é confirmado por dados de remessas do exterior para o Brasil, de deportações e de detenções na fronteira dos EUA, que bateram recorde.

Parte desse fluxo continua sendo formado por pessoas com baixa escolaridade que recorrem a esquemas ilegais para cruzarem por terra do México para os EUA.

Mas, embora mais numerosos, esses brasileiros que pagam pelos serviços de coiotes para completarem a travessia formam apenas parte do retrato da emigração. Aumentou também o número de profissionais e famílias que buscam vistos americanos, para empreender ou continuar os estudos.

Antônio Tadeu de Oliveira, coordenador de estatística do Obmigra, afirma que o grande número de detenções de brasileiros na fronteira dos EUA reforça a percepção de mais brasileiros indo.

“Desde 2012, quando o cenário econômico piora, começamos a ver esse movimento de saídas superarem entradas. Isso é reforçado quando olhamos dados da Polícia Federal, certidões negativas da Receita [de quem deixa de declarar imposto no país], assim como o número de detenções e deportações, e o aumento das remessas enviadas por brasileiros”, diz Oliveira, ao observar que os EUA são o principal destino dos brasileiros.

“Com a pandemia, houve fechamento de fronteiras e redução do fluxo. Mas o que temos visto agora é pessoas aqui buscando oportunidades em outros países.”

Fonte: Valor Econômico

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