As 39 cidades de compõem a Região Metropolitana de São Paulo possuem 750 mil casas em áreas em áreas de risco para deslizamento ou desabamento.
O bairro Parque Náutico, que cresceu bem em uma encosta de morro em Mairiporã, é um dos exemplos com várias casas nesta situação.
Em março de 2016, uma tempestade provocou deslizamentos na região, deixando mortos e desaparecidos. No último domingo (30), o solo também começou a dar novos sinais de deslizamento.
Eliene Neves da Rocha saiu de casa na época da tragédia em 2016, por causa dos riscos. Sem opção de moradia, voltou para o mesmo lugar. E paga o IPTU rigorosamente em dia.
“Aqui está interditado ainda. Só que chega o imposto todo ano pra gente pagar”, diz.
Jomara Cristina Lima também guarda as más lembranças. E diz que de lá pra cá pouca coisa mudou. “A gente não tem onde morar. A gente tem que ficar por aqui mesmo.”
Na capital paulista, um mapeamento da Defesa Civil mostra que a quantidade de moradias em áreas de risco cresceu 20% em 11 anos (de 2010 a 2021). A situação se agravou nas regiões do M’boi Mirim, na Zona Sul, no Butantã, na Zona Oeste e em São Mateus, na Zona Leste.
Nas outras 38 cidades da Região Metropolitana existem hoje 578 mil casas em áreas de risco. Quase 6% em locais de risco alto ou muito alto, de acordo com a Secretaria Estadual de Infraestrutura e Meio Ambiente.
Para o pesquisador do Laboratório de Riscos da Universidade Federal do ABC, Rodolfo Moura, não basta agir depois do desastre. É preciso investir em prevenção.
“O risco é um passo anterior ao desastre. O desastre é a materialização do risco. Foi depois que eu não consegui fazer nada, uma ação antecipatória ou preventiva. Eu não consegui prever o que ia acontecer, eu tenho um desastre”, afirma.
O diretor da Defesa Civil Estadual, Fauzi Katibe, diz que existe um plano preventivo, mas que nem sempre é possível evitar a tragédia.
“A gente reforça essa necessidade de ir verificando esses sinais trincas nas paredes, trincas no chão, janelas e portas que emperram, postes e árvores inclinadas, muros embarrigados. Que procurem os órgãos de defesa civil municipais, no telefone 199, e também os órgãos de emergência, Polícia Militar 190, o Corpo de Bombeiros, 193.”
O SP2 perguntou para a Prefeitura de Mairiporã que ações preventivas estão sendo desenvolvidas nas áreas de risco da cidade e também sobre a situação dos moradores que dizem viver em áreas interditadas recebendo o carnê do IPTU, mas não houve resposta.
A Defesa Civil do estado afirmou ser de responsabilidade dos municípios vistoriar casas em áreas de risco, fazer a intervenção e evacuação dos imóveis, quando for o caso.
Fonte: G1