A abertura de vagas de emprego vai manter em 2022 a tendência de recuperação registrada em 2021, tanto na carteira assinada como no trabalho informal. Mas esse incremento de trabalhadores ocupados não deve reduzir muito a taxa de desemprego, que vai seguir ao redor dos 13%, preveem economistas.

Com a normalização das atividades na economia, em especial no comércio e no setor de serviços, haverá aumento das vagas. Mas a taxa de desemprego não vai recuar porque mais pessoas que não estavam nem sequer procurando recolocação no mercado por causa da crise agora voltarão a buscar oportunidades. Dessa forma, essas pessoas passarão a contar nas estatísticas. Ou seja, mais gente estará empregada, mas ao mesmo tempo mais gente estará procurando emprego.

Renda média não deve subir

Com mais pessoas trabalhando, a quantidade total de renda paga aos trabalhadores no país, a chamada massa salarial, vai aumentar. Mas a renda média real, ou seja, aquilo que cada empregado recebe em média, deve seguir estável ou até recuar, por causa da inflação, que seguirá elevada em 2022.

Normalização de atividades abrem vagas

A pandemia interrompeu o funcionamento de diversas atividades da economia, em especial do comércio e dos serviços (bares, restaurantes, hospedagem, viagens, academias, salões de beleza etc) e do trabalho informal (ambulantes, por exemplo), justo os ramos que mais empregam brasileiros, respondendo por 68% dos trabalhos no país. A taxa de desemprego chegou a bater recorde de 14,9% no primeiro trimestre de 2021. Com a reabertura das atividades ao longo do ano, o setor de serviços voltou a contratar. A taxa de desemprego passou a recuar, mas numa velocidade menor que a do ritmo de criação de novas vagas.

Mais vagas onde os salários são menores

Esse cenário deve se manter ao longo de 2022, em especial no primeiro semestre, afirmam economistas. A abertura de vagas vai se concentrar no setor de serviços, em especial nas atividades que pagam salários mais baixos. Por isso, a renda média real da população, ou seja, já descontando o impacto da inflação, deve continuar em queda.

Em 2021, até setembro, o rendimento real habitual foi de R$ 2.459,00, uma queda de 4% em relação ao segundo trimestre do ano, e de 11,1% em relação ao terceiro trimestre de 2020.

Inflação e juros atrapalham emprego e renda

Como destaca Corrêa de Lacerda, a criação de emprego não vai acelerar o ritmo em 2022, por causa de uma economia que estará mais fria. O PIB (Produto Interno Bruto) vai desacelerar, de um crescimento de 4,6% em 2021, para apenas 0,5% ano que vem, segundo as projeções feitas por mais de mais de cem instituições financeiras e consultorias para a pesquisa semanal Boletim Focus, do Banco Central.

Já há entre economistas de mercado alguns que dizem que o PIB vai diminuir em 2022, ou seja, que o Brasil terá uma recessão de verdade.

Essa economia mais fraca é culpa em grande parte dos juros que estão subindo, dizem economistas. A taxa básica de juros Selic, que começou 2021 em 2%, já está em 9,25% e deve ir até 11,75% ano que vem -a mais elevada desde 2017. Os juros estão subindo para combater a inflação, que saiu do controle do governo e atingiu o maior patamar desde 2003.

O problema, dizem economistas, é que enquanto a inflação não recua, o trabalhador segue sendo prejudicado de duas formas. De um lado, ele vê os preços da economia subindo mais rapidamente que os salários. De outro lado, as empresas contratam menos, por causa dos juros mais elevados.

Fonte: UOL

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