App do SUS que monitora avanço da covid fracassa por falta de uso

Talvez você nem saiba, porque virou um grande fracasso, mas o app Coronavírus-SUS, criado pelo governo para monitorar casos de covid na população, tem uma função muito importante para conter a propagação da epidemia: o rastreamento de contato. Com ela, daria para saber quando alguém doente chegou perto de você usando o recurso de Bluetooth dos celulares. E virou um grande “flop” basicamente porque ninguém explicou como a ferramenta funcionava.

O governo divulgou o Coronavírus-SUS em dois momentos: no início da pandemia, em meados de março de 2020, quando não havia ainda o recurso de rastreamento de contato —trazia apenas informações da doença, como sintomas — e quando o ministério passou a usar a tecnologia da Apple e do Google, em agosto.

Neste último caso, a divulgação foi feita prioritariamente pela imprensa e em um canal do YouTube do Ministério da Saúde com menos de 10 mil visualizações. Não havia uma campanha de nível nacional explicando os benefícios e sugerindo o download do app para ajudar na contenção do coronavírus.

A pouca divulgação pode ter refletido na adesão mínima dos brasileiros ao recurso. O Coronavírus-SUS teve 61,5 milhões de downloads desde o seu lançamento, em março do ano passado, segundo dados do Ministério da Saúde a Tilt. Mas eram apenas 2,3 milhões de usuários ativos até fevereiro deste ano. Ou seja, menos de 1% da população brasileira. Para se ter uma ideia, em apenas uma semana de janeiro o WhatsApp conseguiu 9,2 milhões de downloads.

Após a instalação no celular, o Coronavírus-SUS pede à pessoa um cadastro no Valida Covid, portal criado para guardar registros de testes positivos de covid. O app também precisa do recurso de Bluetooth ativado para funcionar. .

Caso alguém tenha resultado positivo para covid e informe isso no app, este perguntará se deseja comunicar outros usuários sobre sua condição, mas de forma anônima. O sistema informará a essas pessoas para ficarem atentas a sinais de um possível contágio.

Em um pedido de LAI (Lei de Acesso à Informação), o Ministério da Saúde informou que houve apenas 1.573 testes positivos inseridos via app e confirmados no Valida Covid até novembro do ano passado. A reportagem perguntou ao ministério quantas pessoas testaram positivo para covid-19 dentro do app até o momento. Mas a pasta não soube informar esse dado. Disse que a tecnologia fornecida pelo Google e Apple “não permite armazenar essa informação”.

Em resposta, o Google deu detalhes de como seu sistema funciona. Ele compartilha com autoridades uma lista de códigos de identificação de usuários do app que confirmaram positivo para covid. Esses códigos são sequências numéricas geradas de forma aleatória e servem como um número de identificação de cada pessoa cadastrada no app.

O Google também diz que o sistema foi “desenhado para que nem Google e nem Apple tenham acesso a informações relacionadas a um indivíduo”. Mas explica que os apps do governo que usam o sistema conseguem disparar um pedido aos usuários que estejam em risco de contágio informarem, se desejarem, seus números de telefone, para um agente de saúde ligar e fornecer mais orientações. Já a Apple não quis se pronunciar sobre o assunto.

Fonte: UOL

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