Desemprego subiu para 11,9% em janeiro, estimam analistas

O desemprego deve ter aumentado em janeiro na comparação com dezembro, refletindo um movimento comum do primeiro trimestre, quando o mercado de trabalho perde dinamismo após as contratações temporárias de fim de ano.

De acordo com a projeção média de 27 instituições e consultorias financeiras ouvidas pelo Valor Data, a taxa de desocupação ficou em 11,9% no trimestre encerrado em janeiro, acima do nível de 11,6% registrado em dezembro. A taxa, contudo, ficaria levemente abaixo do que a de um ano antes, quando atingiu 12,2%. O intervalo das projeções captadas vai de 11,6% a 12,1%.

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulga hoje a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad) Contínua. 

Amanhã, serão conhecidos os números de emprego formal pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), também referentes ao mês de janeiro.

O banco Haitong destaca, em relatório, que o percentual de desocupados em janeiro, na série com o ajuste sazonal, deve ter sido de 12,4%, o mesmo nível do último mês de 2018. “Esperamos que a taxa de desemprego vá se reduzir lentamente ao longo de 2019, especialmente nos primeiros meses do ano. Na segunda metade do ano, quando esperamos que o crescimento econômico acelere, devemos observar uma queda mais rápida da taxa de desemprego, levando a média do ano para 11,4%”, destaca relatório do banco.

A média das projeções de 14 casas ouvidas pelo Valor Data ainda aponta para taxa média de desemprego de 11,6% em 2019, abaixo do resultado observado em 2018 (12,3%).

Na ponta mais pessimista, o Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV) projeta desocupação de 12,1% em janeiro, mesma taxa que deve ser a média do ano. “A se confirmar esse resultado, a queda em 2019 será 0,2 ponto percentual, um resultado abaixo do registrado em 2018, de queda de 0,4 ponto”, diz Daniel Duque, em comentário sobre mercado de trabalho no Boletim Macro, do Ibre/FGV, de fevereiro. Em sua avaliação, a queda mais lenta do desemprego, apesar da expectativa de aceleração do crescimento da economia, ocorrerá por causa do elevado número de desalentados e subocupados.

Segundo Duque, o crescimento dos desalentados e dos subocupados explicou mais de 60% de todo o aumento da população em idade ativa em 2018, com exceção do último trimestre, quando correspondeu a 53%. Por isso, a taxa de desemprego “ampliada” – que considera também desalentados e desocupados -, permanece praticamente estável desde 2017, no nível de 24%.

“Conforme, portanto, a demanda por trabalho cresça com uma maior atividade, a oferta pode reagir por redução do desalento ou aumento do número de horas trabalhadas dos já ocupados, o que pressionaria a taxa de desemprego geral para cima”, conclui Duque.

A consultoria Parallaxis espera manutenção da taxa de desemprego em 11,6% no trimestre encerrado em janeiro, prevendo melhora do otimismo com a resolução dos impasses eleitorais e o encaminhamento da agenda de reformas.

Apesar do quadro mais otimista no curto prazo, a Parallaxis ainda vê uma recuperação muito lenta do emprego neste ano. Para a média de 2019, a expectativa da casa é que a taxa fique em 11,8%, apenas 0,5 ponto percentual abaixo da registrada em 2018.

“O mercado de trabalho é o principal fator a restringir a retomada da atividade”, diz Christian Thorgaard, analista da Parallaxis. “A condição necessária para o consumo e o crédito no ciclo anterior de crescimento foi a formalização, tendência oposta à que observamos agora.”

Fonte: Valor Econômico

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